ENTREVISTA PARA "SOPA BRASIGUAIA"


Esta entrevista fue dada por mí este año para el sitio http://www.sopabrasiguaia.blogspot.com/ es un diario virtual muy intresante que se hace en el Brasil sobre las cosas que suceden en Paraguay.


SB- Prieto, sua história é bastante interessante. Como raios um paraguaio foi parar em Belém do Pará?


FGIP - Bom. A historia é longa. Em 1986 ganhei uma bolsa de estudos para o Brasil. na Marinha. E podia escolher entre Rio e Belém. Perguntei onde ficava Belém e o cara me mostrou. Achei interessante a sua localização. Ilha do Marajó, o Rio Amazonas desaguando no Atlântico, etc e tal. Formei-me e voltei para cumprir um contrato (90-91) depois voltei a Belém para casar com a mulher que lá conheci, a Ivana, minha esposa há 13 anos e com quem tenho duas filhas: Carolina de quase 11y Camila com mais de 5.


SB - Foi difícil a adaptação? Em quais aspectos os dois países se parecem?

FGIP - No início foi um pouco difícil, embora fosse numa instituição militar cuja vida eu conhecia. Era muito longe e não falava português, e achava que nunca ia aprender. Todos me falaram que eu tinha que estudar antes. Não liguei, achei que seria fácil pela semelhança com o espanhol, foi pura ilusão. Achava que “Borracharia” era lugar para tomar uma, que falando um “ratinho” as pessoas me aguardariam e vivia falando para as mães dos colegas que a comida estava “esquisita’. Quanta vergonha ao lembrar isso tudo hoje!”.


SB - A que você se dedica, atualmente?

FGIP -Eu sou oficial da Marinha Mercante por formação. Casei e não quis mais. Fui ser professor de espanhol por acaso. Quando me vi já estava lecionando em 16 colégios ao mesmo tempo. Trabalhei 18 h por dia durante 10 anos. Ganhei muito dinheiro por incrível que pareça. Construí minha casa e fundei uma escola de idiomas – hoje uma rede - o Castilla. Referência e símbolo da língua espanhola, e inglesa. Conta com mais de 1.200 alunos e meia centena de profissionais. Estudei na Espanha, também fiz mestrado e doutorado. Hoje sou professor da Universidade da Amazônia (UNAMA) em Teoria de Relações Internacionais. Foi mais uma meta alcançada.


SB - Qual é a visão dos paraenses sobre o Paraguai?

FGIP - A Maioria conhece pela mídia. Essa imagem não é das melhores. Ponte da Amizade, C. do Leste. Acham que o Paraguai é o país do contrabando, da pirataria, embora exista, não é só isso. Acham que no Paraguai não tem luz, embora seja seu maior produtor de energia do mundo. Na verdade “’conhecem muita coisa do país”, embora não saibam disso. Música como “Índia, Recuerdos de ypacarai, Galopera y Meu Primeiro Amor (Lejanía)” são paraguaias e eles se surpreendem ao saber. Pensam que são brasileiras ou talvez mexicana. Eu sempre fui um embaixador solitário do meu pais, assim como também os jogadores de futebol.


SB - Em sua opinião, quais são os motivos que levam o brasileiro comum a ter preconceitos em relação ao Paraguai?


FGIP- A maioria constrói a sua análise por meio da mídia como falei anteriormente. Essas notícias não são das melhores, embora o povo paraguaio não tenha muito a ver com esse negócio de C.do Leste. A minha defesa foi sempre assim “Os chineses fabricam, os árabes vendem, os brasileiros compram e os paraguaios levam a fama” essa colocação é meio engraçada, porém é a pura verdade. O povo paraguaio se ocupa dos subempregos que essa bagunça gera. O Paraguaio de verdade é um cara nobre, sincero, muito honesto e trabalhador. Acima de tudo é um cara fiel.

SB - Além de Cuba, o Paraguai é o único país governado há décadas pelo mesmo partido. A quê você atribui essa longevidade do Partido Colorado no poder?


FGIP - Não podemos fazer essa comparação. Cuba só tem um partido, já o Paraguai tem outros como o PLRA muito antigo e tradicional também alguns novos como PQ, EM e UNACE. Não é falta de partido, é falta de propostas mesmo, de quadros, de homens com idéias. A oposição é fisiológica, reclama em público, mas todos sabem que basta dar-lhes uma embaixada ou alguns carginhos que ficam contentes. O Partido Colorado é muito competente e organizado como partido político. Como dizia o finado José Maria Argaña “se o partido colocar o Pato Donald como candidato, ele será eleito” é mole o quer mais. Na verdade a oposição no Paraguai está dentro do próprio partido colorado e o Nicanor sabe disso.

SB - O que é mais vantajoso para o Paraguai de hoje? Permanecer no Mercosul, tentar acordos paralelos ao bloco ou sair para buscar tratados de livre comércio?

FGIP - Hombre. É difícil. O ideal é o Mercosul, só que o Brasil não quer e a Argentina manda dizer que não está. Se o Brasil quiser liderar tem que gastar, ou seja, ajudar. Como fazer isso, se o Brasil tem carência enorme dentro do seu próprio território? O Paraguai tem que ser pragmático. O Brasil usa o Mercosul como cartão de apresentação lá fora. Eu falei com o senador Luis Otávio Campos, Pte da Comissão Econômica do Senado brasileiro, no avião caminho a Belém e ele me confidenciou que acabara de sair do gabinete do ministro de economia e lá trataram de diversos assuntos sobre o Mercosul, principalmente no que se refere a desoneração. Esse é o caminho. Caso contrario seremos engolidos, todos, pelos mais poderosos, sem escolha


SB - Quais são os principais problemas que dificultam o desenvolvimento do Paraguai?


FGIP -A historia culpa ao Infortúnio. Existem questões históricas a serem analisadas. Depois da independência em 1811 os governos (Francia e López) tinham projetos bons. Veio a Guerra Grande e todos já sabem o que aconteceu. Voltou a estaca zero. Ou seja, foram perdidos 60 anos e o que é pior: sua gente. Levantou-se novamente e veio a guerra civil entre irmãos –inicio do século XX-. Ai, mais 40 perdidos e os melhores homens. Logo mais aparece a Guerra com a Bolívia (1932-1935) e outras revoluções (1947): 40 anos mais e muita gente boa morreu. Total 140 anos perdidos. É difícil amigo. Ai aparece uma ditadura de 35 anos. Já são 175 perdidos. Ou seja, O Paraguai só tem 25 anos de verdade. Será que a historia está certa.


SB - Devido à crise, milhares de paraguaios estão deixando o país para tentar a vida no exterior. Que conselho você daria a eles?


FGIP -Amigo. Sai do Paraguai por livre e espontânea vontade. Na verdade por culpa de uma mulher. Fui acolhido pelo Brasil de forma muito agradável. Eu sou um cara preparado intelectualmente e isso fez com que eu vencesse no Brasil. Existem dois tipos de migrações: para os Estados Unidos e Europa não adianta preparo intelectual que isso lá tem muito. Lá, vai limpar chão. Nos países em desenvolvimento como Brasil o preparo já conta, pois há poucos profissionais. É diferente. O que hoje acontece no Paraguai é muito triste, pois a separação, principalmente de muitas mães destroem famílias. No fundo sabemos que é um desespero. E o que é pior: essa gente sustenta o pais com os U$ que manda. Essa gente tem que votar.

SB - Pensa em voltar ao Paraguai?


FGIP -risos- Estou sempre no Paraguai. Nuca sai de lá. Vou para lá, estudo lá, até já estou investindo lá numa fazenda do meu pai. No futuro levarei a minha empresa também para lá. Nos 20 anos -10 no campo e 10 na capital-que lá morei me marcaram profundamente que não existe alguém mais paraguaio do que eu. Nem lá morando. Conheço razoavelmente tudo de lá. Sua historia, sua cultura, sua política, etc. o meu grande sonho é alguma vez ser o Presidente do Paraguai. Mbaetekopio?

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