DEZ ANOS DOS ATENTADOS TERRORISTAS AS TORRES GÊMEAS E AO PENTÁGONO (2001-2011)


A TORRE EM CHAMAS. QUEM MATOU MAIS? QUEM É MAIS FUNDAMENTALISTA?
FÉLIX GERARDO IBARRA PRIETO

Antes de tudo, parecia que o século XXI entrava com muita tranquilidade. A Guerra Fria tinha terminado e o capitalismo estava absoluto. A pergunta era se estávamos em um mundo unipolar ou multipolar. Francis Fukujama tinha lançado o livro “O fim da história e o último homem” cantando vitória do capitalismo e debochando dos comunistas, principalmente marxistas.

Entretanto, alguns autores, como Chalmers A. Johnson, historiador e ex professor da Universidade da Califórnia, ex- analista da Cia, no seu primeiro livro da Trilogia "Blowback” (Contraataque) monstra, não uma previsão dos ataques as Torres Gêmeas e sim uma constatação de que um dia os americanos seriam contraatacados como consequência do seus excessos dentro de alguns países que não tem a cultura ocidental.

Nem todos acreditam na democracia, liberdade e livre mercado. Esses são valores ocidentais que os americanos tentam impor a quem não conhecem, não gostam e não acreditam, na força.

Os desdobramentos todos já sabem. A hostilidade com que eles, os americanos, passaram a tratar a todos. A invasão do Iraque, Afeganistão, etc. erros grosseiros que hoje não tem saída nem para eles. Iraque sempre foi um fator estabilizador da região. Cumpria um papel estratégico em relação ao Irã.

Hoje os americanos não conseguem sair de lá, porque se isso acontecer na situação atual, os iraquianos serão presa fácil dos iranianos. Afeganistão está, praticamente, nas mãos da OTAN, só que os europeus são muitos sensíveis às guerras e as baixas de soldados, por motivos óbvios. Então, há duas guerras na região e o invasor esta ficando sem dinheiro.

Os americanos passaram a desconfiar de todos, principalmente dos árabes. A Doutrina Bush “quem não está com a gente, está contra a gente” é excessivamente arrogante. América Latina, nessa história toda, é praticamente ignorada. Mas foi uma grande oportunidade para o Brasil tomar as rédeas na região. Surgiram atrasos ideológicos no subcontinente como o Socialismo do Século XXI, liderado por Chávez e seguido por outros países de menor importância, é verdade, mas sem grandes chances a longo prazo.

O mundo árabe passou a ser, definitivamente, uma prioridade na política externa americana. Neste momento, vemos o despertar político desses povos que chamam de “primavera árabe” - é como se eles soubessem só agora da queda do Muro de Berlin, com 20 anos de atraso. O resultado de tudo isso ainda é imprevisível. Ou conquistam a sua liberdade ou tomam o caminho ainda mais radical, principalmente em relação aos americanos. Definitivamente, os terroristas árabes estão mais enfraquecidos. Os atos extremistas são basicamente contra o próprio povo muçulmano. Podemos ver carros bombas no Paquistão, Iraque, Afeganistão, etc.


Ficou mais difícil para todos. Dependendo da região desse país obviamente a burocracia de entrar lá e também de vender ficou maior. Todos os portos e aeroportos do mundo tiveram que se adequar aos rigorosos sistemas de segurança, principalmente, os que fazem conexão direta como os Estados Unidos, seja como turista ou como mercancia.


Na verdade há uma guerra nos moldes Hard com alguns países já mencionados. Dez anos depois, é difícil prever o que pode acontecer nesse sentido. O fato é que os Estados Unidos estão “insolventes”, não tem dinheiro para pagar nem os juros da dívida, a sua credibilidade foi até rebaixada e definitivamente podemos dizer que há uma decadência da potência mundial.

As suas 800 bases militares pelo mundo afora é cara e desnecessária, então podemos prever que Guerra mundial está difícil. As pessoas nos Estados Unidos, neste momento vivem o drama do desemprego e baixa produtividade, da falta de um sistema de saúde adequada e o modelo educacional também é um fracasso. Eles tem tudo para se reinventar, mas Guerra em outras frentes me parece inviável. Neste século houve muito mais conflitos internos - “intra-guerras” que “Inter-guerras” e o mundo árabe está nessa situação.

O norte da África está definitivamente na rota do furacão “D” Democracia. Não sei se vai ser nos moldes que os americanos gostariam, porém será uma democracia “a la Oriente”. É difícil nessa região separar política e religião do Estado. A África tem uma sociedade tribal e não é fácil governar nenhum povo com tantos interesses diferentes.

Tirando Egito, os demais países como Líbia, por exemplo, são mais do interesse dos europeus que dos americanos. Tanto é que os Estados Unidos só deram o primeiro tiro na Líbia e logo deixaram nas mãos da OTAN. A estabilização dessa região é muito importante para eles -UE-. Tem o grave problema da imigração africana rumo à Europa.

Eles estão em crise e não conseguem resolver os próprios problemas. Imagine se receber uma massa de africanos também com muitas necessidades. Consequência disso é que a xenofobia e a extrema direita só têm aumentado na Europa. Então, a democracia, estabilidade econômica e social nessa região da África é fundamental para UE.

Nenhum atentado dessas proporções serve para causa nenhuma, pelo contrário. A discriminação em relação a eles lá dentro dos Estados Unidos, só deve ter aumentado e vice versa. Tem coisas que não tem nada ver com religião e, sim, com a cultura deles. Deve ser muito chato alguém de outra civilização chegar e querer mudar a tua cultura, o teu credo, só porque eles se sentem inseguros com isso. A cooperação sempre é o melhor caminho. O conflito resolvido na força só faz aumentar o ódio.

Essa geração deve estar meio perdida. Não sabe o que foi a Guerra Fria, muito menos os conflitos violentos acontecidos durante todo o século XX. Até 1990 o mundo era bipolar. Até o dia dos atentados podemos arriscar a dizer que era unipolar. Hoje tudo isso mudou de novo. Segundo o professor Joseph Nye, da Universidade de Harvard e autor de vários livros de Relações internacionais na área de cooperação e conflito afirma que hoje se vive num mundo Uni multipolar híbrido.

Explico: uni, porque existe só uma potência militar, que são os Estados Unidos que investe em Hard Power mais do que todos os outros países juntos. Multi, porque economicamente, embora seja o país mais poderoso do mundo, responde sozinho a 25% do PIB mundial, tem que conversar com a UE, China e Japão. Híbrido, porque o Estado-Nação que durante anos foi o único e o mais importante ator das relações internacionais, já não tem mais esse privilégio, pelo menos de ser o único.

Existem atores desde as empresas transnacionais, organizações internacionais poderosas, terroristas, o tráfico de drogas, humanos, mais de 200 Estados soberanos, etc., ou seja, o mundo está muito mais complexo e dinâmico. Como diriam os analistas: está de cabeça para baixo, plantando bananeira. Já foi mais tranquilo e previsível.


Bom, segurança sempre foi a preocupação deles. É a preocupação principal dos ricos. Eles tiveram falhas gravíssimas de procedimentos naquele atentado do dia 11/09. O avião que caiu na Pensilvânia ainda estava no chão quando as Torres Gêmeas já tinham sido atingidas. Ademais, todos os terroristas aprenderam a pilotar lá nas escolas americanas com professores americanos e ainda pegaram o próprio avião deles como arma.

É muita ousadia e também muita incompetência na segurança interna deles. Acho que a doutrina mudou. O inimigo não é mais a URSS. Hoje, esse inimigo não tem pátria, não tem rosto, nem lugar e hora marcada para atacar. Ou seja, é bem mais complicado lidar com esse tipo de situação. A entrada pelos aeroportos está bem mais rigorosa que antes. Todos passam por uma máquina de “Xerox” não interessa o cargo nem a procedência.

Para se ter uma ideia do despreparo o caça militar que tinha como missão derrubar o avião comercial da United que caiu numa fazenda da Pensilvânia, graças aos passageiros que lutaram com os terroristas, não tinha arma nenhuma. Só poderia derrubá-lo se chocasse contra ele. Neste momento, segundo Codolezza Rice, na época assessora de segurança do presidente Bush, eles perceberam que a Guerra Fria acabou, pois Putin ofereceu ajuda para os americanos.

A gente sente na pele as mudanças mesmo aqui no Brasil. Principalmente quando embarcamos com destino aos Estados Unidos. Existe uma rigorosa inspeção de tudo o que se leva e um questionário a ser respondido. Tanto no embarque quanto no desembarque a gente se sente meio um “terrorista em potencial” pela quantidade de revistas pelas quais passamos. Ai de alguém esquecer um shampoo ou frasco de perfume na bolsa de mão. Já era! Não tem conversa, além de perder o produto ainda leva uma bronca. Chega a ser uma humilhação para muitos.

Tudo o que eles não fizeram para desbaratar aquele grupo da Al Qaeda, pois a CIA tinha informações da reunião de Cúpula que houve na Malásia e por uma questão de vaidade não repassou as informações para o FBI. Uma questão pessoal jogou por aguas toda a organização montada pelos americanos para sua segurança. eles gastaram 500 mil U$, Os americanos até agora 4 Trilhões de U$.

Todo império perecerá, não existe mal que dure cem anos. Sofrer atentado de uma meia dúzia de terroristas em pleno coração do sistema financeiro e dentro do próprio Pentágono (ainda escapou o capitólio e a Casa Branca, por poucos) já é sinal de fraqueza. Mandar cem mil soldados para o Iraque, pensando em acabar com o terrorismo e armas de destruição em massa, onde não existem, é no mínimo paranoico.



Em 1989, o comunismo ruiu, Gorbachev abriu mão do seu próprio império (URSS) por não mais ser capaz de sustentá-lo.

Neste momento, o socialismo democrático europeu também está vindo abaixo. Nos Estados Unidos, o capitalismo está debilitado. O capitalismo precisa voltar a sua lógica e não mudar de lógica. Capitalismo não é cassino, aposta, nem jogo. Capitalismo é o lucro derivado do trabalho, do esforço, da produtividade e do conhecimento.

As bolhas são consequências disso tudo. Obama matou Ossama, mas pode não ser suficiente para se reeleger. Os americanos, assim como os brasileiros votam pensando no bolso também. Só que os republicanos com esse time do chamado Tee Party, está dando uma força danada para os democratas.

Nos últimos 60 anos, só dois presidentes não se reelegeram. Assim como nenhum deles se reelegeu com mais de 9% de desemprego. O que eu vi nesta última viagem que fiz pela Florida e Califórnia é que eles tem muita gordura para queimar em tudo.

Comentarios

Entradas populares