SER INTERNACIONALISTA EXIGE CONHECIMENTO E ERUDIÇÃO ACIMA DA MEDIA

FÉLIX GERARDO IBARRA PRIETO

Esta semana, um jornal local, sem nenhuma veracidade, bondade ou necessidade tocou, na sua coluna mais lida, o nome do curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia. O curso é pioneiro na região norte do Brasil e o único do Estado do Pará. É um curso diferenciado pela qualidade dos alunos que tem.

Diz o jornal que o paraense “não está nem aí para diplomacia”, que o curso de RI já havia formado três turmas e ninguém tinha sido aprovado, até agora, no instituto Rio Branco. Oras, para entrar no Rio Branco, não precisa ser egresso do curso de RI, apenas ter o curso superior e ser brasileiro nato. Ou seja, qualquer um que tenha nível superior pode se candidatar. Ser diplomata é como ser militar, nem todos gostam, embora tenha suas luzes. Ademais, ninguém entra lá por acaso, exige uma preparação de anos e esforços consideráveis.

Formar três turmas significa apenas um período de 1,5 anos. “Hoje a graduação é apenas o primeiro e ainda insuficiente passo para a entrada no mercado”. Qualquer um, seja ele internacionalista, engenheiro ou médico, necessita de especialização para enfrentar o mundo corporativo, ainda mais considerando um concurso público concorrido como é o Rio Branco.

O curso de Relações Internacionais é para quem deseja ser internacionalista, um sujeito das relações internacionais. Um diplomata é um sujeito do Direito Internacional. Até o meado do século passado, a diplomacia era um assunto exclusivo destes, apenas. O mundo mudou, ficou mais complexo e dinâmico nos últimos vinte anos. Ser internacionalista, hoje, está muito mais difícil.

Assim, na atualidade, a diplomacia é apenas umas das possibilidades de trabalho para o internacionalista. O maior desafio está nas instituições e atores não estatais: OINGs –Organizações Internacionais não Governamentais- e ETNs –Empresas Transnacionais- e até mesmo nas EMSP –Empresas Militares de Segurança Privada. E outros optam pela academia, cursando mestrado e doutorado.

Os nossos antigos alunos, na sua maioria, optam pela iniciativa privada e pela academia. Ou seja, é prematuro cobrar, de um curso jovem e pioneiro, que está apenas formando as primeiras turmas, colocar alguém no Rio Branco. Ninguém entra na Receita Federal no ano seguinte da formatura dos cursos de Administração, Contabilidade ou Direito. Ninguém faz cirurgia em ninguém ao sair do curso de Medicina. Ninguém defende ou acusa na justiça sem a carteirinha da OAB.

A carreira do internacionalista exige muita qualificação. E esta não se consegue de um dia para outro. Ninguém sai da universidade para ser diplomata do Estado ou nem estará pronto para o mundo corporativo. Levará, pelo menos, mais quatro anos para poder começar o trabalho requerido. Ninguém mais qualificado que o internacionalista para lidar com interesses nacionais e corporativos, ninguém mais preparado que o internacionalista para saber que preconceitos não existem.

Ele lida com análise, gestão e avaliação de estratégias e ações relativas ao intercâmbio entre Estados e Instituições situadas em espaços nacionais distintos ou em ambientes transnacionais. Em sua atividade, atua nos processos de formulação, planejamento, gestão e avaliação da cooperação internacional; na execução e avaliação de programas e projetos de natureza internacional; na mediação e resolução de conflitos e no desempenho de atribuições específicas da política externa, segundo o próprio MEC.

(...) Elabora, negocia e avalia as operações de crédito internacionais; analisa e acompanha a formulação de contratos internacionais; avaliam cenários e realiza análise e prospecção de mercados. Opera na captação de recursos financeiros, na transferência de tecnologias sociais e na análise de riscos e interpretação das conjunturas internacionais, nacionais e regionais. Coordena e supervisiona equipes de trabalho, elaboram pareceres, projetos e laudos sobre assuntos internacionais. Em sua atuação, considera a ética, a segurança e as questões sócio-ambientais.

Ou seja, a área de atuação do profissional de Relações Internacionais é muito ampla e exige muita qualificação e competência. No mínimo, o domínio de línguas estrangeiras é básico e fundamental. A diplomacia, como quer o jornal, é apenas um dos caminhos que pode trilhar este profissional.

Para ser internacionalista estuda-se relações internacionais, ser internacionalista não significa necessariamente ser diplomata, ser diplomata não significa somente Rio Branco, ja existe o caminho para o diplomata corporativo. 

Naturalmente, nos próximos dez anos, sem dúvida, teremos outros que seguirão o caminho do Ilustríssimo Embaixador João Clemente Baena Soares, paraense e uns dos mais ilustres diplomatas que o Brasil ainda tem e o mundo conhece. Ele foi, durante dez anos, Secretário Geral da OEA. Em sua homenagem e com a sua anuência, o curso de Relações Internacionais da Unama, outorga o premio ao melhor TCC –Trabalho de Conclusão de Curso- para seus egressos. Esse privilégio de alguém tão distinto é uma honra para nós.

Enfim, quando se escreve uma notícia, na coluna mais importante do jornal mais importante de uma Capital de Estado é necessário cuidar da veracidade da notícia, da boa-fé em contar essa notícia e acima de tudo, da necessidade da notícia. Ainda mais quando se trata de uma universidade amiga e uma empresa parceira e cliente.

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