COP 30 EM BELÉM DO PARÁ: O BRASIL VOLTOU...
FÉLIX GERARDO IBARRA PRIETO*
O Brasil voltou, voltou bem no cenário internacional. Neste artigo vamos analisar somente as relações internacionais, especificamente a COP-30 que será realizada em novembro de 2025, na capital paraense, principal cidade e metrópole da Amazônia: Belém do Pará.
A primeira Conferência
das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre mudança do clima foi realizada
na Alemanha, especificamente em Berlim. A COP-28 será realizada em Dubai e a COP-29,
acredite, ainda não tem sede oficial, nem continente certo. Austrália e Bélgica
reivindicaram sediar, porém não há decisão. Reza a lenda que o Brasil deveria
ter recebido a COP em 2019, e o governo anterior (Bolsonaro) teria pressionado
o Governo Temer a não aceitar por gastos excessivos que iria gerar, uns 500
milhões de Reais. Hoje sabemos o porquê.
O objetivo da Conferência
das partes das Nações Unidas é pressionar e responsabilizar os países sobre
os efeitos causados ao meio ambiente, resultado da produção e consumo
exagerado. Minimizar esses efeitos e prejuízos ao planeta é urgente, sob pena
de não haver como recuperar os danos causados.
Discutir o clima na Amazônia é básico. A região possui a
maior reserva de madeira tropical do mundo, além disso, possui reservas de
borracha, castanhas, peixes e minérios: entre os minérios, o mais valioso é o nióbio
que é usado na industrialização de materiais que resistem a altas e baixas
temperaturas para a indústria espacial e de aviação, fora ouro e outros metais
preciosos.
Na região da Amazônia brasileira, vivem aproximadamente 25
milhões de pessoas, sendo quase 500 mil famílias que se dedicam ao extrativismo
(óleo, resina, erva borracha e frutos). Além disso, a floresta garante chuvas
para grande parte da América do sul e é muito importante para desenfrear o aumento
do aquecimento global. A região abriga a maior biodiversidade do mundo, são milhares
de espécies de plantas e animais, muita delas ainda desconhecidas e não catalogadas.
A região também detém a maior bacia hidrográfica do mundo, o rio Amazonas e
seus afluentes.
Enfim, sempre houve e haverá grandes interesses sobre a
região como um todo, seja brasileira, seja da pan-amazônica, que abrange oito
países da região que ocupa 40% da América do Sul e 60% do território
brasileiro. Por tudo que vimos acima: riqueza mineral, biodiversidade e
importância climática.
A interrogante é: como explorar e preservar essa imensa
riqueza ao mesmo tempo? Creio que essa pergunta será a mais importante da
COP-30.
Dever de casa para a
anfitriã Belém.
Sempre que vamos receber visita importante em casa, nos preocupamos em arrumá-la toda. Belém terá o privilegio de receber o mundo pensante, político e científico, isso leva a obrigações sérias e inadiáveis.
Vi um protótipo de projeto chamado Polígono COP-30 que abrange a Avenida Júlio César (nosso cartão de
apresentação na cidade), a Avenida João Paulo II, Mundurucus (que todos a esquecem
lá no Jurunas e do Guamá), já que a prefeitura só cuida da Avenida Mundurucus a
partir da Praça Batista Campos (totalmente
abandonado perto do portal), a Doca seria totalmente modificada, assim como
a Pedro Álvarez Cabral e o complexo Ver-o-Peso, que é o cartão portal da cidade
para quem não conhece Belém, mas para quem a conhece, sabe que não é bem isso.
Nele, também consta a criação de uma linha fluvial que já era
para estar pronta desde a fundação da cidade (mais de 400 anos atrás), mas não,
insistimos num BRT caro, que nunca
termina e só trouxe engarrafamento para a cidade. Fala-se também no Parque da Cidade onde se situava o
aeroporto Júlio César que já está rodeado de fachadas do projeto em outdoors, assim como do Porto do Futuro, e obviamente o Hangar Centro de Convenções, principal
palco dos grandes eventos da cidade, as duas últimas já prontas.
Aqui vou politizar um
pouco a discussão:
quando olho para o governo do Estado (Helder), tenho muita esperança que tudo
vai ser feito até lá e vai sair tudo bem, até porque teve o mandato renovado
recentemente e foi quem articulou junto ao governo federal a candidatura da cidade
no Brasil, além disso, temos um ministro de estado (Jader Filho), das Cidades
que é da capital e irmão do governador. Mas quando olho para a prefeitura da
cidade, sinceramente, não vejo nenhum futuro, inclusive haverá eleições municipais
no próximo ano e isso pode prejudicar, ou até acelerar demais (entregar sem
terminar) o andamento das obras. Lembram-se
da inauguração do BRT no mandato do Duciomar? Pois bem, até hoje não terminou,
mas já foi inaugurada. A parte dele ficou pronta, a nossa ainda não.
Nesse domingo, pedalamos com a turma Pedal Cristal exatamente
todo o Polígono da COP-30, começamos
no aeroporto fomos pela Júlio César, Doca, Ver-o-Peso, Portal da Amazônia,
Mundurucus, João Paulo II, Utinga e finalmente aeroporto de novo (42 km), e sabem
o que vimos? Muuuiiito lixo. A cidade está cheia de lixo, urubus e
cheirando a imundice, ao mesmo tempo, placas e mais placas dizendo: “Mais uma obra da prefeitura”. Será que
recolher o lixo da cidade é um mau negócio?
Belém, vamos começar pelo início, começar recolhendo o lixo
da cidade, depois vamos fazer as obras necessárias e mais complexas. Será um
desafio da gestão pública!
Lembro que no Fórum
Social Mundial, de janeiro de 2009, quando
aqui estiveram quase 100 mil pessoas de 120 países diferentes, e um pouco antes
eu recebi a visita de um integrante da organização do evento, perguntando se o
presidente do meu país (Paraguai) poderia ficar hospedado na minha casa,
motivo: não havia mais quarto de hotel disponível. (In)felizmente, na última
hora, o governo brasileiro resolveu o problema, e o Fernando Lugo hospedou-se
num hotel de luxo e não na casa de um compatriota.
Por último, Belém tem essa experiência de um grande evento (com
fracasso e oportunidades) e deve contar com a expertise de quem organizou tudo
isso. Não é demais dizer que é uma grande oportunidade para os paraenses e
belenenses darem um pulo em relação à matéria de investimentos na cidade e
ficar isso como legado da COP-30, e
que não seja como o legado da COPA-14,
que só deixou rastros de corrupção e obras bilionárias não terminadas até hoje,
nas cidades sedes.
FÉLIX GERARDO IBARRA PRIETO* é mestre e doutor em Relações internacionais; é empresário e professor
universitário; fundador e diretor da rede Castilla idiomas.
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